CHÁ DE CU EM 4 ATOS - [1 de 4] - "Larguei o meu marido"

:: PARTE 1 -  A casa infeliz  ::

Valdirene era uma dona de casa dedicada. Lavava, passava e cozinhava pro marido, o motoboy Robertão. Infelizmente, ela não era devidamente valorizada por este. Mas algo em sua vida começará a mudar hoje, com a visita de Graucylaine, sua amiga de infância com quem há tempos não falava...

VALDIRENE (servindo chá de maçã): Mas é realmente uma alegria te ver depois de tanto tempo, amiga!

GRAUCYLAINE: Pois é. Mas eu continuo achando estranho esse seu olho roxo. Val... você tem certeza que só bateu com o olho na quina do armário?

VALDIRENE: Errr.... sim (desconversa), mas iai, tu terminou os estudo, nem?

GRAUCYLAINE (insistindo): Sua relação com seu marido tá boa?

VALDIRENE: Tá ótima!

Robertão chuta a porta e entra em casa. Graucylaine assiste detidamente tudo o que está para acontecer...

ROBERTÃO: Hôôôppp!!!

VALDIRENE: Err... oi, amor! Foi bem de trabalho?

ROBERTÃO: Iaí, mulher! O rango tá pronto?

VALDIRENE: Tá quase pronto, amor... quase pronto!

ROBERTÃO (nervoso): PORRA, CARA!!! COMO 'QUASE'? TU FICA EM CASA NÃO FAZ NADA O DIA INTEIRO!!! COMO NÃO TÁ PRONTO O RANGO AINDA, SUA PREGUIÇOSA!!!

VALDIRENE: Mas amor, eu tava lavando e passand...

ROBERTÃO: PORRA, CALA A BOCA!! VOU TOMAR UM BANHO E QUANDO EU SAIR ACHO BOM QUE O RANGO ESTEJA PRONTO!!!

VALDIRENE: Betão, tamo com visita... fala oi pra Graucylaine, minha amiga.

ROBERTÃO (seco): OI.

Robertão sai. Graucylaine, chocada, aborda a amiga

GRAUCYLAINE: Val!!! Como você aguenta!!??

VALDIRENE: Eu amo ele, Graucylaine... só digo isso!

GRAUCYLAINE: Mas ele não tá nem aí pa tu não, nem!!!

VALDIRENE (começando a chorar): Snif... snif... ele só me dá porrada e parte pra farra! Eu fico aqui sozinha esperando por ele. Eu grito e choro feito uma maluca!!

GRAUCYLAINE: Tá bem, valeu... muito obrigada! Mas é hora de tu virar absoluta, Valdirene!!! Tu lava e passa pra esse homem, e ele não te dá valor!

VALDIRENE (chorando): Mas, snif.... eu conversei com o pai dele, e ele disse que o Robertão vai melhorar... snif!

GRAUCYLAINE: Não espera por isso, Val! Tu é mó gata, mulher! Ó... faz assim, pega esse cartão meu. Eu costumo ir nesse lugar e sempre me dou bem... hehehe

VALDIRENE (lendo): Peraí... "Baile das Cachorra Cabulosa"! Você vai nesse lugar?


GRAUCYLAINE: Vou sim! E me divirto muito!!!


VALDIRENE: Ai, não sei se devo... eu sou fiel!


GRAUCYLAINE: Ai, Santa paciência! Tá certo, Val. O convite tá aí... quando tu achar que deve, vai lá que tu vai ser muito bem recebida, tá ligado, nem?


VALDIRENE: Hummmm....

GRAUCYLAINE: Agora, me dá licencinha que eu preciso ir embora... Eu tô indo pra lá.


VALDIRENE: Pro "Baile das Cachorra Cabulosa"?


GRAUCYLAINE: Uhum!! É só sucessagem até o dia amanhecer, nem!!!  Tô ralando peito... fuiii....


Graucylaine vai embora. Valdirene olha a amiga saindo de casa e olha o cartão em sua mão. Olha com um pouco de reprovação. "Baile das Cachorra Cabulosa"? Nunca, nunca que ela iria a um lugar desse. Nunca, pelo menos até agora. Pois, no fundo ela até tem uma certa vontade...

Robertão sai do banheiro enrolado numa toalha. Ela olha o corpo do marido. Valdirene se sente atraída, mas o marido não 'comparece' há pelo menos dois meses. Ela desconfia que o marido tem "comido fora"...

ROBERTÃO: Quê que tu tá olhando, sua quenga?

VALDIRENE: Nada... sabe, Betão... é que faz já um tempinho que você não me...

ROBERTÃO:  E o rango, tá pronto!?


VALDIRENE (chateada): Tá sim... =/

Robertão vai de toalha mesmo. Enche o prato de comida. Reclama muito da comida dizendo que está ruim. Mesmo assim, repete o prato duas vezes. Doida de carência, Valdirene começa a acariciar o marido assim que este termina de jantar.

VALDIRENE: Môzinhoooo... eu tava pensando sabe no quê? A gente bem que podia brincar um pouq...

ROBERTÃO: Pára de falar igual uma criança, sua retardada. Eu vou sair agora!

VALDIRENE: Sa... sair? M-m-mas... Robertão, eu tava pensando...


ROBERTÃO: Tu não tava pensando nada, sua piriguete. Já lavou meu uniforme?  Tem que lavar aquela minha cueca do Cálvi Clãe também, tá ligado!? É minha cueca preferida, tá mó sujona!! E tu não lavou desde onti, né sua preguiçosa!

VALDIRENE: Ela tá encardida, tava suja de sangue... aliás, de onde surgiu aquele san...

ROBERTÃO: Porra! Dá licença, mano! Dá licença que eu vou sair com os chegado, tá ligado!?

VALDIRENE: Mas, Betão! Pelo menos você ainda volta hoje? AAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!

Robertão empurra Valdirene no chão!




ROBERTÃO: Porra, mas tu é chata hein, nem!!! Tô ralando peito!!!

Robertão bate a porta e sai. Valdirene, ainda de olho roxo da porrada que levou do marido na noite anterior, agora está jogada no chão. Suas costas doem. Sua dignidade está ferida. Ela chora desesperadamente, enquanto segura o cartão dado pela amiga.

VALDIRENE: Buaaaaaa.... mas... snif... eu cansei! Sniff.... ele vai ver... snif, snif!!


Valdirene se levanta, lava a cara. Enche o rosto de maquiagem pra tampar o olho roxo. Faz um alongamento pra passar a dor nas costas de ter sido empurrada pelo marido. Coloca sua roupa mais piriguete. Respira fundo e sai de casa. Ela entra na lotação, com o cartão da amiga em mãos, e mesmo que ainda um pouco tensa com a ideia, ela parte rumo ao "Baile das Cachorra Cabulosa".

:: PARTE 2 -  O Baile das Cachorra Cabulosa  ::

Valdirene chega devagarinho no Baile das Cachorra Cabulosa. Ela olha para os lados para certificar que ninguém a está vendo. Ela entra com medo por uma entradinha escura na lateral do estabelecimento. Encontra um senhor de terno e óculos escuros...

VALDIRENE: Er... boa noite!

CARA DE TERNO: Boa noite, nem!

VALDIRENE: Então, moço... eu tenho uma amiga. Ela vem aqui. O nome dela é Graucylaine da Silva. Ela tá aí?

CARA DE TERNO: HAHAHAHAH! Graucylaine? Essa não pára aqui! Saiu faz duas horas com quatro gringo negão, tudo rico! Acho que vai rolar a sucessagem até o dia amanhecer! Já vejo que ela vai ganhar uma grana fudida!!


VALDIRENE: Grana!!?? 


CARA DE TERNO: É, nem! As mina jeitosinha igual tu, aqui no Baile das Cachorra Cabulosa só se dá bem, tá ligado!!!

VALDIRENE (desistindo): Ai, moço... acho que eu me enganei! Esse lugar não é pra mim não viu, boa noite!

CARA DE TERNO: Booooaa....

Valdirene vai saindo de fininho do lugar. O solo está molhado, pois choveu. A noite está fria e ela vai pro ponto de ônibus. Ela não sabe quanto tempo demorará para passar um ônibus ou uma lotação para voltar para casa. Ainda assim, ela acredita não ser digna de estar em um lugar tão 'degradante'. Até que seu celular toca alerta de mensagem.

Ela pega o celular e abre a mensagem. É um SMS de seu marido. O torpedo diz:
"TU CONSERTOU O ZIPPER DA CALÇA IGUAL SEU CU, SUA VAGABUNDA! ESTRAGOU DE NOVO!! QUANDO EU CHEGAR EM CASA TU VAI VER!!!"

VALDIRENE (em pensamento): Gente!! O que eu tô fazendo!!?? Eu vou voltar pra casa... PRA ISSO???

Injuriada, Valdirene desliga o celular e entra no Baile das Cachorra Cabulosa com a cara e a coragem

CARA DE TERNO: Voltou, mina!?

VALDIRENE: Hehe... voltei sim! Mudei de ideia! Vou tocar  o terror!!!!!!!!!

Valdirene entra no Baile. Pouco a pouco vai se soltando. A batida é nervosa. Ela se sente cada vez mais alforriada. De alma lavada!!


Não demora muito, e ela começa a fazer sucesso entre os homens. E o sucesso é ainda maior do que ela imaginava. Ela parecia não perceber o quanto é bonita, sensual e desejada. Raramente ela encontrava-se com Graucylaine, sua amiga, pois esta também vivia fazendo sucesso com seus 'admiradores'.

Ela não apenas não volta pra casa, como nos próximos 45 dias ela esteve todas as noites no Baile das Cachorra Cabulosa. Com 10 dias, um deputado viúvo já começa a pagar o aluguel de um lindo flat em Copacabana, mais chique do que ela jamais pensou que viveria em um. Pouco a pouco seu apartamento vai enchendo de presentes de admiradores.

O velho celularzinho que nem música tocava, nunca mais foi ligado. O marido simplesmente não soube mais dela. Pelo menos não soube em 45 dias. Sua fama de rainha da sucessagem se espalhou, e acabou chegando aos ouvidos de seu marido.

Valdirene estava em seu apartamento, se sentindo linda e desejada, e se preparando para receber um 'amigo' para uma 'visita mais quente'. Quando é surpreendida por seu marido batendo à porta.

VALDIRENE (abrindo a porta): Ué! Você?

ROBERTÃO (abraçando): Valdirene, meu amor... que saudade! Porque você desapareceu?

VALDIRENE (tirando os braços dele de cima dela): Saudade? Engraçado... eu não tô com nenhuma! Até tinha esquecido de tu!


ROBERTÃO: Puxa vida, Valdirene! Não precisa ser tão ríspida!! Eu peço desculpas se fui um pouco grosseiro com você. Mas tu me fez tanta falta nesse mês e meio fora...


VALDIRENE: AAAAAAAAAH, FIZ É!? Sei... Mas é muita cara de pau! HAHAHAH! "Um pouco grosseiro" comigo? Aiai...


ROBERTÃO (ajoelhando):  Valdirene, volta pra mim!


VALDIRENE: O QUÊ?????


ROBERTÃO: Volta pra mim, Valdirene! Eu te amo!! Não sei viver sem você!!

VALDIRENE: Porra, cara! Eu tava sempre em casa, fazendo tudo por você, eu lavava e passava! E você... haha... você não dava valor! Nunca dava valor!! Agora que eu sou puta você vem falar de amor?

ROBERTÃO: Valdirene, não fale assim! Você não é nada disso! Volta pra casa!! Eu te amo!


VALDIRENE: Pra quê? Pra levar porrada de você?


ROBERTÃO: Não é bem assim, eu só dava tapinha... Como diz aquela música, tapinha não dói... hehehe. Porra, a gente é casado ainda!!


VALDIRENE: AAAAAH! Tapinha não dói é!? E chifre, dói!?


ROBERTÃO (quase chorando): Valdirene, vamo conversar...


VALDIRENE: Segura esse chifre!! Quero ver se vai doer!!!


ROBERTÃO: Peraí, Valdirene....

VALDIRENE: Vai embora!! Tá vindo um homem aí! Um dos meus muito hômi, tá ligado nem! Home de verdade, não um corno igual você!!! Rala peito e nunca mais apareça por aqui!!


E foi assim que Robertão foi expulso definitivamente da vida de Valdirene.
Valdirene, por sua vez, virou a rainha da sucessagem, e nunca se sentiu tão desejada!

:: FIM ::



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